Notícias

7 mulheres que transformaram a Medicina no Brasil e no mundo

Compartilhe

Dia 8 de março é marcado por comemorações e campanhas que visam lembrar a todos de que a igualdade de gênero avançou nos últimos tempos, mas que ainda há muito chão pela frente. Em 2022, a AFYA foi rankeada entre as empresas com mais mulheres em cargos de liderança no índice da Bloomberg. E é com esse espírito a que nós viemos falar sobre outras sete vozes femininas que pavimentaram o caminho até aqui à medida que transformavam a Medicina no Brasil e no mundo. Então, senta que as próximas linhas estão recheadas de História!

Rita Lobato de Freitas

Foi em 1887 que uma mulher formou-se em Medicina pela primeira vez no Brasil. Seu nome era Rita Lobato Velho Lopes e o motivo que a conduziu para esta profissão era profundamente pessoal sem deixar de ser solidário: mortes maternas durante o parto eram um fato corriqueiro à época e ela fora a filha mais velha de uma dessas mulheres.

De 1910 a 1925, Rita exerceu com afinco a especialização que hoje é chamada de Medicina da Família e Comunidade, oferecendo consultas e até medicamentos de forma gratuita. Antes disso, ela havia clinicado na cidade em que morava com o marido e sua única filha na Bahia. Já idosa, a primeira médica a graduar-se em solo brasileiro aposentou-se e decidiu dedicar o resto de seus dias à vida política de Rio Pardo (RS).

Maria Odília Teixeira

Demorou mais de duas décadas após a formação de Rita para que, finalmente, uma brasileira negra pudesse concluir o curso. Em 1909, a Lei Áurea completava meros 21 anos, e isso demonstra o quão forte Maria Odília Teixeira precisou ser para romper este paradigma e, pouco tempo depois, tornar-se também a primeira mulher negra a lecionar na Faculdade de Medicina da Bahia.

Para sua tese da graduação, Maria escolheu um tema ousado: a cirrose. Embora pareça inofensivo, na época em que ela escreveu sobre a doença, muitos adeptos do racismo científico eugenista se propunham a vincular o consumo desequilibrado de bebidas alcoólicas e suas consequências sociais à população negra.

Zilda Arns Neumann

Pediatra e especializada em Medicina Sanitária, Zilda Arns foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz por seus trabalhos. Em 1937, ela foi responsável pela fundação da Pastoral da Criança, uma entidade filantrópica vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acolhe famílias em situação de vulnerabilidade social de vários países e as educa sobre higiene, métodos contraceptivos, aleitamento materno, entre outros temas.

Por meio da conscientização coordenada por Zilda, mães, pais e responsáveis puderam aprender, por exemplo, a produzir soro caseiro, o que melhorava a reabilitação de crianças sofrendo doentes. Devido à precariedade do saneamento básico, a diarreia ainda é uma das principais causas de mortalidade infantil em muitas regiões. A fórmula da solução feita a partir de sal, açúcar e água foi uma invenção da própria médica.

Durante a epidemia de poliomielite que assolou o país em 1980, ela também foi convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin e, mais uma vez, inovou. Após apresentar números positivos, seu método de organização foi adotado pelo nacionalmente pelo Ministério da Saúde.

Nise da Silveira

Avessa aos métodos psiquiátricos de sua época, quando ainda pregavam a cura pela violência, a médica Nise da Silveira enfrentou seus colegas de trabalho do Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, sendo transferida de seção. A partir daí, sua nova área de trabalho tornou-se a ala de Terapia Ocupacional do Centro e foi lá que ela iniciou a humanização do tratamento às doenças mentais.

Em vez de submeter os pacientes, em sua maioria esquizofrênicos, à lobotomia, aos eletrochoques, a camisas de força e ao isolamento social, Nise ofereceu-lhes um espaço seguro para que pudessem se expressar por meio das artes plásticas. Com o apoio de Carl Jung, tais obras foram reunidas para exposição no Museu de Imagens do Inconsciente, lançando seu trabalho como exemplo para o mundo inteiro.

No ano de 1956, Nise fundou a Casa das Palmeiras, cujo propósito era promover a ressocialização de pacientes que haviam recebido alta no Brasil. Mais uma vez, a médica agia como pioneira pela Saúde da população de seu país, que era marginalizada até então.

Valéria Petri

O primeiro diagnóstico de AIDS no Brasil aconteceu pelas mãos de Valéria Petri. Tudo começou com a ligação de um colega, que a conhecia pela sua boa prática profissional com pessoas da comunidade LGBTQIA+, o que era incomum na década de 1980. Ele reclamava de uma ferida no pé e, como especialista em dermatologia, Valéria ficou intrigada com o que viu.

Após fazer um registro, o paciente passou por uma cirurgia e, posteriormente, uma análise laboratorial da lesão removida comprovou as suspeitas que ela tinha sobre o caso. Este feito trouxe à Valéria reconhecimento dentro da comunidade médica internacional, graças à nova perspectiva do que o vírus HIV causava ao organismo humano.

Hoje, ela exerce a profissão dentro do Ambulatório de Psoríase e Vitiligo, como coordenadora, assim como no centro Adolescência, Patologia da Pele Feminina e Saúde Bucal, onde mantém seu foco sobre as doenças inflamatórias que podem acometer à pele. Além disso, Valéria já escreveu vários livros sobre sua especialidade e colabora em projetos de pesquisa acadêmica.

Adriana de Oliveira Melo

Médica especializada em obstetrícia, Adriana de Oliveira Melo é a pesquisadora responsável por descobrir que a infecção pelo Zika Vírus estava por trás do surto de microcefalia no Nordeste do Brasil. Somente depois disso, campanhas de conscientização voltadas às gestantes, para que se protegessem contra o mosquito aedes aegypti, foram divulgadas, melhorando a situação em âmbito nacional.

Este agente infeccioso já circulava no mundo desde 1947, mas foi apenas em 2015 que esta associação foi descoberta, por meio de uma análise do líquido amniótico de duas mulheres grávidas de bebês com má formação cerebral. E, claro, graças ao atendimento humanizado que ela dedicava às suas pacientes, pois foi a partir da queixa de uma única mãe que a médica decidiu investigar a situação.  

Atualmente, Adriana é presidente do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (IPESQ). Esta é uma entidade filantrópica que estuda o panorama entre a microcefalia e o Zika Vírus em longo prazo.

Sue Ann Costa Clemens

A pandemia do Coronavírus já é um marco na História da humanidade e, umas das pessoas mais importantes no combate a esta doença foi uma médica brasileira. Professora da Universidade de Oxford na Inglaterra e do Instituto Carlos Chagas no Rio de Janeiro, Sue Ann Costa Clemens também é pediatra e especialista em infectologia.

Há alguns anos, ela tornou-se conselheira sênior do comitê científico responsável pelo desenvolvimento de vacinas da Fundação Bill e Melinda Gates. Não à toa, com a globalização dos casos de COVID-19, Sue foi convocada para liderar as pesquisas por uma vacina contra o vírus em território brasileiro. Em meio aos desafios impostos pela crise sanitária, a médica coordenou estudos em seis centros de testagem, que foram fundamentais para a descoberta do imunizante.

Dia Internacional das Mulheres

Depois de ler sobre tantas médicas brasileiras verdadeiramente extraordinárias, a inspiração para vislumbrar-se em um belo jaleco branco, pronto para ajudar a comunidade, vem num piscar de olhos. Mas, entre os muitos legados que elas deixaram, está a lição de que não é possível transforma o mundo apenas sonhando.

Então, deixe a imaginação de lado e siga o exemplo de Rita, Maria, Zilda, Nise, Valéria, Adriana e Sue Ann. Comece a planejar a sua carreira médica hoje mesmo com o nosso e-book exclusivo para pré-vestibulandos de Medicina. Assim, daqui alguns anos você também estará escrevendo o seu nome na Saúde brasileira.